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Retornar e agradecer: gestos concretos de amor

PASCOM Guadalupe



Lc 17,11 Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. 12 Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, 13 e gritaram: 'Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!' 14 Ao vê-los, Jesus disse: 'Ide apresentar-vos aos sacerdotes.' Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15 Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16 atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17 Então, Jesus lhe perguntou: 'Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? 18 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?' 19 E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.

Este milagre é exclusivo da narrativa de Lucas (Sonder Lukas, que em alemão significa algo “Especialíssimo de Lucas”). Trata-se da cura de dez leprosos e da iniciativa de um apenas retornar para agradecer a Jesus pelo milagre realizado (thaumata – “cura”, em grego). Traduzindo em outras palavras, trata-se do poder hegemônico de Jesus sobre qualquer espécie de doença e da gratidão pela cura, gesto de reconhecimento por parte do ex-leproso. Tal milagre é o quarto na sequência de milagres da narrativa lucana (11,14; 13,10-17; 14,1-6). Em cada caso de milagre retratado por Lucas o mais importante não é o ato miraculoso de Jesus, mas o ensinamento (a moral) que está por trás de cada caso.

v. 11. Há evidente, desde o começo do relato, uma inexatidão geográfica, sobretudo na indicação lucana “entre a Samaria e a Galileia”. Para a narrativa bíblica, pouco importa o local geográfico, o que está em cena é a ação, os fatos que se desenrolam na trama. O caminho é mais importante que o espaço físico propriamente dito, pois Jesus estava na direção de Jerusalém. E, por se tratar da Samaria, possivelmente ele encontraria um pobre ou um leproso samaritano no caminho.

v. 12. Jesus estava para entrar em um povoado desconhecido, quando dez leprosos de longe o avistaram. Certamente eles estavam à porta da cidade, já que eles não podiam frequentar as partes públicas das cidades, pois se tratava de uma doença contagiosa que levava à exclusão, à solidão e frequentemente à morte. Lucas afirma que eles pararam à distância, evidenciando de fato que a doença os levava à exclusão e eles próprios se excluíam.  

v. 13.  Os leprosos, porém, não se excluíram da ação soteriológica de Jesus. Começaram a gritar: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós”. Eles sabiam que Jesus era mestre, didáskalo em grego, da parte de Deus. Ele veio para realizar a vontade de Deus, ensinando a seus irmãos a boa Nova do Reinado do Deus, da hegemonia da graça de Deus, que deseja que o homem se torne salvo, justo e feliz.

v. 14. Jesus ordena aos leprosos que vão se apresentar ao sacerdote, pois eram eles que, segundo o AT, legitimavam, como autoridades delegadas, a cura de alguém e possibilitavam também que os já não enfermos retornassem para o convívio social. O sacerdote exerce na cultura judaica uma influência muito grande sobre a convivialidade. Ele ligava ou desligava alguém da vida comunitária. As doenças não eram muitas vezes vistas como debilidades físicas, mas como impurezas espirituais, e por isso os sacerdotes eram considerados “médicos” que atestavam ou não a cura de uma pessoa, dando ou não a elas possibilidades de retorno à vida pública.

v. 15. Dos dez leprosos curados, apenas um voltou para agradecer a Jesus. Ele glorificava a Deus pela ação salvífica de Jesus realizada em sua vida. A gratidão deste homem surpreende, mas surpreende ainda mais a ingratidão dos outros nove, que não voltaram até Jesus. A gratidão é a palavra que ressoa no coração de quem ama, de quem tem sua vida retraduzida pela bondade de outrem.

  v. 16. O homem curado da lepra voltou e lançou-se aos pés de Jesus em agradecimento. Para maior surpresa, ele era um samaritano. Ser samaritano já era motivo de exclusão social. A Samaria era considerada terra de paganismo, de uma não religião oficial, mas de um sincretismo religioso exacerbado. A gratidão toca o coração do samaritano e não toca o coração dos demais, que poderiam inclusive ter o sangue judeu e, serem também filhos da religião judaica. O mais importante não são as aparências, nem a tradição religiosa que trazemos em nosso nome, mas a beleza e a bondade de nosso coração.

v. 17-18. Jesus se indaga, pois eram nove os outros também curados, mas somente um foi sensato e voltou para agradecer. Ele era estrangeiro, afirma Jesus. Trata-se de dizer que a ação salvífica de Deus em Jesus não se restringe à casa de Israel, mas está aberta aos não israelitas também. O estrangeiro samaritano exprimiu sua gratidão a Jesus como nenhum outro judeu fora capaz de fazê-lo. Assim, muitos que estão fora do cristianismo podem ser tocados pela graça de Cristo de maneira plena e serem capazes da salvação, e outros que se dizem adeptos de Cristo podem se fechar à mesma graça, não sendo capazes de agradecer a Deus pela sua bondade em suas vidas.

v. 19.  Por fim, Jesus envia o curado à missão. Levantar-se significa assumir o caminho missionário. Não se deixar fixar às realidades passadas, mas dar passos para o futuro, para a experiência do discipulado de Jesus. A fé que salvou o leproso é a mesma realidade que o fará caminhar para a experiência ainda maior do anúncio de Jesus. De leproso a curado e de salvo para a missão de apóstolo. Tudo muda na vida deste homem grato a Deus por sua ação salvífica. Esta também deve ser a nossa forma de agir neste mundo. Sempre gratos a Deus por sua ação salvífica em nós e para nós. Nós, por nossa parte, temos a obrigação de anunciar este Deus, que age plenamente em Jesus Cristo, que veio para salvar o ser humano, conduzindo-o à perfeição e ao amor.

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