por PASCOM Guadalupe
No dia 12 dezembro, celebramos o dia de nossa padroeira, Nossa Senhora de Guadalupe. Muitos a conhecem através de sua devoção popular no México e em toda América Latina.
Toda essa história começa no ano de 1531, quando a Virgem Santíssima apareceu a um índio, chamado Juan Diego, que caminhava para a cidade do México para participar da catequese e da Santa Missa. O grande milagre de toda essa aparição é a própria imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, que foi impressa no poncho de Juan Diego, como prova da presença de Maria, que havia sido solicitada pelo bispo.
A imagem da Virgem de Guadalupe desafia a ciência e deixa pesquisadores intrigados. O tecido, feito de cacto, não dura mais de 20 anos e este já existe há mais de quatro séculos. Durante 16 anos, a tela esteve totalmente desprotegida, sendo que a imagem nunca foi retocada e até hoje os peritos em pintura e química não encontraram na tela nenhum sinal de corrupção. Essa belíssima imagem também traz consigo uma riqueza de significados, que as vezes passam despercebidos quando apenas “corremos o olho”. Por isso, trouxemos aqui alguns detalhes dessa manifestação divina.
O ROSTO
"A Virgem aparece com seu rosto mestiço e, de forma terna e sóbria, dá reconhecimento a uma população nova que surge na região: os mestiços, autênticos mexicanos, desprezados tanto por índios quanto por espanhóis. Mas ela não é mãe exclusiva dos indígenas, seu rosto mestiço expressa o que ela mesma diz a Juan Diego, ao mencionar que é "mãe compassiva, sua e de todos os homens que vivem juntos nesta terra e também de todos as outras linhagens variadas de homens". (Nican Mopohua, vv. 29-31). O rosto da Virgem sintetiza muitos povos: o sangue ibérico, o semítico, o romanos, o godo e o africano, que são a síntese do Velho Mundo, e, nela, também se encontram traços do México, do Extremo Oriente e de toda idiossincrasia oriental. Enfim, sem deixar de ter traços de uma jovem indígena, a Virgem de Guadalupe é representada com a delicadeza das imagens hispânicas de Nossa Senhora. O rosto da Senhora de Guadalupe expressa ternura e compaixão. A cabeça está inclinada como um sinal de compaixão [...] Seu nariz é reto e perfeito, sua boca bela e proporcional. Seu lábio inferior está surpreendente num nó do tecido, proporcionando um sorriso leve e terno".
Fonte: Sob o Olhar de Guadalupe: sinais do Céu Sobre a Terra/ Dom Leomar Antônio Brustolin - São Paulo. Paulus, 2020. p. 25.
O CABELO
"Para os povos indígenas, quando uma mulher casava, deveria fazer uma trança especial com os cabelos e puxá-los para os lados enrolando-os. A imagem de Guadalupe tem o cabelo repartido ao meio e bem penteado, o que significa virgindade".
Fonte: Chávez - Sánchez, Eduardo. La Verdad de Guadalupe, nueva edición em marco de los 500 años.
OS OLHOS
"Os belos olhos de Santa Maria de Guadalupe mostram misericórdia e compaixão; e também contêm alguns aspectos que, graças a vários estudos, podemos descobrir mais. Em seus olhos, se descobre que eles possuem reflexos como em qualquer olho humano, de acordo com as leis da ciência; e o que confirma que não são adaptações fantasiosas; é fato de que as mesmas imagens se encontram nos dois olhos, levando-se em consideração suas diferentes posições, suas proporções e sua correlação científica. Isso continua a surpreender tantos cientistas, que usando seus instrumentos, segundo a ciência, chegaram a concluir os mesmos resultados: há imagens refletidas nos dois olhos da imagem da Virgem de Guadalupe de acordo com sua posição, sua proporção e as leis que regem, e esses figuras se encaixam perfeitamente."
Fonte: Chávez - Sánchez, Eduardo. La Verdad de Guadalupe, nueva edición em marco de los 500 años.
AS MÃOS
"Santa Maria de Guadalupe é uma mulher de oração, o que pode ser perfeitamente observado ao ver como ela junta as mãos, à semelhança do costume europeu; e, ao mesmo tempo, levando em conta que também está rezando pelos indígenas a seu modo e costume. Pois bem, os indígenas a viam como um códice inteiro plano, pois nunca desenhavam ou pintavam com uma terceira dimensão, ou seja, não levavam em conta a profundidade, a luz e a sombra; desse modo, podemos compreender perfeitamente que a "flor-cerro-corazón" de ouro que está em seu vestido na altura do peito está incluído nessas mãos; e se levarmos em conta o "passo de dança" da Virgem de Guadalupe; podemos entender que os indígenas perceberam imediatamente que Ela está orando à sua maneira. Os indígenas, contemplando a Virgem de Guadalupe, disseram: 'Nossos anciãos ofereceram seus corações a Deus, para que houvesse harmonia na vida. Esta Mulher diz que, sem arrancá-los, colocamos os nossos em Suas mãos, para que Ela os apresente ao Deus verdadeiro'''.
Fonte: Chávez - Sánchez, Eduardo. La Verdad de Guadalupe, nueva edición em marco de los 500 años.
O BROCHE
"O broche tem uma forma oval com uma cruz no centro. Os indígenas colocavam no pescoço de seus ídolos uma pedra semipreciosa verde, que significa seu coração. Eles o poliam até transformá-lo em um espelho ao qual eles chamavam: o coração da divindade; o povo indígena se refletia nesse "coração de pedra verde". Ao ver o broche com a cruz na imagem de Santa Maria de Guadalupe, os indígenas contemplaram o sacrifício supremo do amor de Deus, que tem um coração que se sacrifica para que nenhum sacrifício de vidas humanas seja oferecido. Em algumas representações dos deuses astecas, há um broche de jade no pescoço das esculturas. Mas na Virgem, no lugar da pedra de jade, está uma cruz, semelhante à que os espanhóis usavam. Dessa forma, sem ofender a cultura indígena, a tilma de Guadalupe respaldava completamente o novo ensinamento religioso que os espanhóis traziam. Ela traz o Deus crucificado que liberta e salva".
Fonte: Chávez - Sánchez, Eduardo. La Verdad de Guadalupe, nueva edición em marco de los 500 años.
FLOR-CERRO-CORAZÓN
"Todas essas flores estranhas são um acúmulo de mensagens. Enquanto para os espanhóis eram simplesmente "arabescos" ou adornos, para os nativos eram uma mensagem, tão clara e perceptível que ditos "glifos" não acompanham as dobras da túnica, mas ficam no topo das dobras, todas as flores têm sua "raiz no céu", representada pelo manto azul esverdeado repleto de estrelas, o que significa que esta flor tem seu fundamento no celeste. A flor tem a forma de uma colina, enquanto o caule tem a forma de água; essa montanha termina em um ponto, que para os indígenas é Tepeyac, pois significa "ponta da colina". Deve-se levar em conta que para os indígenas “flor e água” significam “civilização”, portanto, representam uma civilização enraizada no celeste. No monte das flores existem pequenas flores circundantes, o que significa que é xochitlalpan ou terra das flores, ou seja, a plenitude da verdade. Agora, se virarmos este monte de flores de cabeça para baixo, como os nativos também viam os códices de diferentes ângulos, podemos verificar pelos próprios códices que este monte de flores também é coração, sangue e artéria, portanto o sustento da divindade. Se voltarmos à sua posição original, dentro deste flor-cerro-corazón pode-se ver um rosto. Para os índios, ser sábio significa "colocar um rosto humano no coração de outrem", portanto, entende-se que esta flor-cerro-corazón significa que está cheio de sabedoria divina. Desta forma, podemos concluir que esta flor da verdade de Deus é uma nova civilização que nasce do céu e está cheia de verdade e sabedoria divina, o que concorda perfeitamente com o que está no centro da mensagem de Santa Maria de Guadalupe, que deseja muito que seja construída para ele uma “casa sagrada”, o que significa uma nova civilização do amor e da sabedoria de Deus."
Fonte: Chávez - Sánchez, Eduardo. La Verdad de Guadalupe, nueva edición em marco de los 500 años.
NAHUI OLIN - A FLOR DE QUATRO PÉTALAS
"A flor de quatro pétalas, única em toda a túnica da Virgem de Guadalupe e que está na altura de seu imaculado ventre da Virgem de Guadalupe, representa o Nahui Ollin e isso significa: O verdadeiro Deus para quem se vive. Assim, os indígenas perceberam que o Ser que se encontra no ventre da Virgem, era nada menos que o próprio Deus, o Criador do Universo; Jesus Cristo é o centro, tanto da mensagem quanto desta bela e formidável Imagem na tilma do humilde macehual São Juan Diego; Santa Maria de Guadalupe é o sagrado tabernáculo de Jesus Eucaristia. O único e eterno sacrifício, onde oferece o seu corpo, o seu sangue, o seu coração e todo o seu Ser. É aquele que nos sustenta para a vida eterna".
Fonte: Chávez - Sánchez, Eduardo. La Verdad de Guadalupe, nueva edición em marco de los 500 años.
CINTO
A Virgem de Guadalupe tem em seu ventre um cinto ou laço escuro, para os indígenas todas as mulheres que estavam grávidas se coloca um cinto em seu ventre para indicar que era uma mulher gestante. Monsenhor Eduardo Chávez na sua obra "La Verdad de Guadalupe", escreveu: "O cinto escura atado na parte superior do ventre anuncia a maternidade, ela é uma mulher “grávida”, é uma mulher “em espera”, é uma mulher do “Advento”. Ela é a mãe de Deus, "Arca Viva da Aliança", como disse o Papa Bento XVI". A Virgem de Guadalupe é uma mulher "encinta", assim estudiosos especialistas nessa Aparição se referem a Ela, ou seja, é uma mulher grávida.
Fonte: Brasil Guadalupano
AS VESTES
Todo o manto azul da Virgem está adornado com estrelas douradas, representando que ela é maior que todas as estrelas que eles adoravam. É o azul noturno, por isso tem as estrelas douradas. Essa cor era usada pela realeza, visto que somente o imperador asteca podia usar essa cor. A mulher é uma rainha. Sobre as estrelas da tilma, é preciso considerar que não estão dispostas aleatoriamente. Os pré-hispânicos foram excelentes astrônomos, habituaram-se a identificar as constelações e se deixavam guiar por suas mensagens [... ] Constataram que elas correspondem à abóboda celeste na noite de 12 de dezembro de 1531. A Virgem aparece com uma túnica rósea com tons entre marrom e vermelho que representa a Terra, pois contém desenhos que representam montanhas e água. Possivelmente, com a túnica, evoque um tipo de roupa mais judaica que mexicana. As mulheres mexicanas tanto ricas quanto as pobres vestiam blusas de manga curta e gola quadrada, e suas saias chegavam abaixo dos joelhos. A imagem de Guadalupe tem uma túnica que vai até os pés como usam as mulheres árabes, palestinas e judias durante o inverno. O vestido é enfeitado com arabescos que remetem mais a um brocado de padrão europeu, muito frequente na Idade Média e no Renascimento. A diferença é que as flores e folhas desenhadas no brocado representam a flora mexicana.
Fonte: Sob o Olhar de Guadalupe: sinais do Céu Sobre a Terra/ Dom Leomar Antônio Brustolin - São Paulo. Paulus, 2020. p. 54.
N. Sra. de Guadalupe, rogai por nós.
amei